A decisão do Senado, no final do mês passado, de enquadrar
as empregadas domésticas nos mesmos direitos dos demais
trabalhadores trará diversas mudanças para a relação entre patrões e
domésticas. Isso porque, com as novas leis, as empregadas ficarão
ainda mais caras, uma vez que os patrões deverão pagar o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), algo que deve subir o preço
dessas profissionais em uma média de 8%. Com essa nova fonte
de arrecadação, o fundo do FGTS deve arrecadar algo em torno de
R$5,5 bilhões por ano a mais.
Segundo William Eid Junior, professor da FGV-EAESP, a mudança
na lei não altera, em grande parte, a posição das domésticas
quanto ao mercado. “Não basta apenas mudar a lei para garantir a
transformação de uma cultura arraigada”. Boa parte das domésticas
vai continuar na informalidade pois a relação não é puramente
empregatícia, mas também afetuosa”. Existem ainda as domésticas
que podem se sentir acuadas a pedir a regularização de sua situação,
por medo de perder o emprego. Outra possibilidade é o caso das
empregadas que dormem no serviço, algo que pode gerar dúvidas
sobre o pagamento das horas extras. “Muitas famílias poderão
preferir dispensar a doméstica e contratar diaristas, ou mesmo passar
a viver sem empregada”, complementou o professor, focando que é
um risco que se corre com essa nova iniciativa.
A expectativa é que as domésticas fiquem cada vez mais caras
e escassas com esse novo enquadramento na lei, mas, em
contrapartida, aquelas que vivem da profissão serão recompensadas
com o tratamento e reconhecimento digno que qualquer profissional
merece, independente de sua área de atuação.
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