O Brasil vive um dos seus melhores momentos, economicamente
falando. Milhões de pessoas deixaram a linha da pobreza, outros
milhões entraram na classe C; nunca houve tantos novos ricos e
as marcas estrangeiras voltam seus olhos para o país como nunca
fizeram antes. Mas, mesmo em meio a todo esse novo cenário
positivo, ainda vemos velhos problemas assolando o mercado e o
consumidor brasileiro: os altos preços.
Se o mercado está aquecido e as pessoas adquiriram poder de compra (e estão comprando), por que os preços continuam tão
altos? A resposta é o excesso de protecionismo que cerca a indústria
brasileira. Os produtos brasileiros são duas ou até três vezes mais
caros em comparação aos produtos nacionais dos Estados Unidos,
Europa e até no México (que vive em uma situação econômica e
industrial muito semelhante à nossa). Isso porque a indústria e os
comerciantes brasileiros não competem com outros países, e os
tributos alfandegários são muito altos e impedem que os produtos
importados tenham preços competitivos. Muitas vezes, quando uma
marca instala fábricas no Brasil para reduzir gastos com importação,
os preços acabam não baixando mesmo assim.
Como não existe competição justa, as indústrias e comerciantes
veem um campo fértil a ser aproveitado, e o governo continua
cedendo à pressão deles. As montadoras reclamaram e o IPI caiu
novamente, além do governo ter subido substancialmente o imposto
de carros chineses e coreanos. Essa é uma estratégia que aleija a
indústria nacional e estanca a busca por inovação. Além disso,
as indústrias brasileiras, ao contrário do que acontece em todo o
restante do mundo, estão acostumadas com altas margens de lucro
e baixa produção. “Não é imposto”, afirma o tributarista Fernando
Zilvetti, da FGV-EAESP. “Ninguém aqui abre margem. Lucro deve
ser obtido com base na produtividade, em uma margem com escala”.
Como já foi falado aqui no blog da EAESP (que você pode ver
pelo link http://fgv-eaesp.blogspot.com.br/2013/03/demanda-sob- oferta.html), não adianta tentar incentivar demanda se a oferta não
está adequada com a realidade do país.
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