Em pleno século XXI, ainda temos cenas lamentáveis de famílias
que não possuem acesso a tratamento de água. A estimativa é que
cerca de 70 milhões de pessoas descartem seu esgoto em rios, sem
nenhum tipo de tratamento. Isso é uma situação crítica para um país
que se estima ter cerca de 40 milhões de litros de água doce por
habitante, e onde apenas 30% da população têm acesso a isso.
Os especialistas dizem que o problema é crônico e está atingindo
o país por diversos motivos. No sul do Brasil, existe uma demanda
alta por parte da irrigação das plantações de arroz, que passam dos
dois milhões de hectares plantados. A Grande São Paulo usa 430%
mais água do que a capacidade dos reservatórios da região, por
seu grande número de pessoas. Já Rio de Janeiro e Belo Horizonte
sofrem com a ineficiência de seus sistemas de abastecimento, sem
contar o drama que vive o Nordeste. "O problema da água no Brasil
não é só a seca. É mais um problema de gestão do que fenômeno
físico", afirma Gesner Oliveira, professor de economia da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP).
O governo trabalha no plano de universalização do acesso à água em
todo o país, mas o projeto caminha em passos lentos. Ainda que haja
efetividade na extensão da rede de esgoto, muitas vezes, existem
perdas que agravam o problema. Vazamentos, ligações irregulares,
falta de hidrômetros ou calibragem podem significar 38% de perda
em todo o país. No Amapá, as perdas chegam a 74%. Alagoas 66%.
São Paulo tem 32,6%. A menor é no Mato Grosso, com 19,7%,
mesmo assim um número elevado. Mas ainda que esses problemas
sejam resolvidos, existem áreas com muita defasagem de tratamento
de esgoto digno para as famílias. Apenas o estado de São Paulo e o
Distrito Federal possuem uma cobertura de esgoto superior a 90%
da região. Maranhão, Pará, Rondônia e Acre, por exemplo, têm entre
40% e 60%. O Amapá tem menos de 40%.
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