quarta-feira, 20 de março de 2013

Demanda sob oferta

 O ano de 2013 começa com cara de 2012, pelo menos economicamente falando. Isso porque o país ainda está com o pé preso em diversas intervenções feitas no ano passado. Uma delas é a taxa cambial que subiu para R$2,00, com as atuações do Banco Central e do Ministro da Fazenda Guido Mantega. Outra foi a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para automóveis, a fim de aquecer o mercado.

 O problema é que esse remédio já perdeu o efeito. As estratégias do governo se resumem a incentivar o consumo e aumentar a oferta de crédito desde a recessão de 2009. Essa estratégia funcionou quando se tinha milhões de pessoas saindo da linha da pobreza e entrando na faixa de consumo e com as taxas de desemprego despencando. Hoje, o cenário é diferente e o Governo parece não ter se dado conta disso. A população brasileira está endividada, não há espaço para redução do desemprego e nem perspectiva de crescimento futuro.

 O professor Samy Dana, da FGV-EAESP, afirma, em texto próprio, que enquanto o governo estimula crédito e consumo desenfreados, ele alimenta também fantasma cada vez mais presente, chamado custo Brasil. Como a infraestrutura econômica do Brasil não pode ser considerada referencia, as intervenções que vão sendo criadas (como intervenção no câmbio e redução no IPI) servem apenas para tapar o Sol com a peneira, e com isso o Brasil cresce menos do que seus vizinhos sulamericanos e que outros emergentes ao redor do mundo, como China e Índia.

 O que está acontecendo de errado? 

 O Governo tenta incentivar a demanda desenfreada de consumo. Isso funcionou enquanto a economia estava aquecida e com pessoas entrando no mercado de trabalho. Dana afirma, ainda, que com taxas de desemprego tão baixas, é preciso aumentar a produtividade do trabalho ao invés de aquecer a demanda. “Não dá pra crescer sem investir. Somente com infraestrutura de qualidade e impostos mais baixos o preço dos produtos vão baixar, assim, mais empreendedores vão investir e mais ofertas serão criadas", afirma o professor. Com isso a demanda vem naturalmente e as intervenções não serão mais necessárias, pois a questão agora é oferta e não mais a demanda.



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