A recente crise econômica mundial pode nos levar a questionar o papel da educação
no mundo dos negócios e nas escolas de business. Mais especificamente, sobre a formação
de gestores capazes de lidar com as complexidades do presente momento de nossas
sociedades. Podemos encontrar uma reflexão sobre esse tema no livro de Rakesh Khurana,
From higher aims to hired hands. O autor nos ajuda a entender o processo histórico
envolvido na formação do administrador e a construção das competências necessárias para
sua atuação no mundo dos negócios.
Antes de mais nada, Rakesh nos lembra que o debate sobre o papel social das
escolas de negócios não é recente. A questão já era colocada no início da profissionalização
dos administradores, no final do século XIX, nas universidades americanas. Na visão do
industrial Joseph Wharton, por exemplo, seria necessário desenvolver nos jovens, ao lado
do caráter sólido, conhecimentos especializados em administração para o benefício da
comunidade.
Outro exemplo, em 1919, quando assumiu a direção da Harvard Business School, a
preocupação de Wallace Donham era com a formação de líderes capazes de dignificar a
profissão e honrar as responsabilidades sociais que a acompanhavam.
Logo após a Segunda Guerra, entretanto, houve nos Estados Unidos um movimento
que tinha por objetivo transformar a profissão do administrador em algo tão importante
como a profissão de médico e advogado. Nesse período, a população americana passou a
usufruir dos resultados da produção em larga escala e os gestores/executivos passaram a ser
vistos por sua contribuição social. A formação do gestor passou a incluir então a busca de
ferramentas quantitativas e tecnológicas para dar racionalidade e legitimidade a processos
de decisão.
A pesquisa de Khurana mostra que dos anos 1950 até os anos 1970, tanto as
competências hard como as soft estavam presentes na formação dos administradores nas
principais escolas de negócios americanas. Contudo, a partir dos anos 1970 o “mercado”
triunfou.
predominaram, assim como uma formação eminentemente prática e avessa à reflexão e à
consideração do papel social do gestor.
O ponto é que as competências hard são fortemente questionadas quando aparecem
as crises. Nesses momentos podemos constatar a fragilidade e as limitações das ciências
econômicas e do management para a resolução de problemas de nossas sociedades. É
também em momentos como o que vivemos agora, quando a gestão se transformou em uma
atividade predominantemente formal, lastreada pelas finanças e pela perda de contato com
os valores sociais do management, que devemos resgatar o debate sobre as competências
soft na formação de nossos gestores.
Especializações
em
detrimento
de
uma
abordagem
mais
generalista. Especializações
em
detrimento
de
uma
abordagem
mais
generalista
predominaram, assim como uma formação eminentemente prática e avessa à reflexão e à
consideração do papel social do gestor.
O ponto é que as competências hard são fortemente questionadas quando aparecem
as crises. Nesses momentos podemos constatar a fragilidade e as limitações das ciências
econômicas e do management para a resolução de problemas de nossas sociedades. É
também em momentos como o que vivemos agora, quando a gestão se transformou em uma
atividade predominantemente formal, lastreada pelas finanças e pela perda de contato com
os valores sociais do management, que devemos resgatar o debate sobre as competências
soft na formação de nossos gestores.
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