Ronald Degen é um executivo e acadêmico que é reconhecido por ser o primeiro a trabalhar com o conceito de empreendedorismo no Brasil. Ne década de 80, ele introduziu o primeiro curso de
empreendedorismo na FGV.
O ex-professor da FGV-EAESP também é o autor do best-seller “O Empreendedor: fundamentos
da iniciativa empresarial”. Segundo ele, atualmente, todos nós nascemos mais ou menos iguais,
e o que acaba nos diferenciando são nossas experiências. E por isso que, segundo o executivo,
é de extrema importância ter em mente que qualquer um pode se tornar um empreendedor, não
existe um momento certo para isso, apenas é importante aproveitar as oportunidade que surgem,
especialmente enquando estiver na universidade.
Degen concedeu uma entrevista exclusiva para a Revista Época Negócios. Confira as melhores
dicas do executivo.
Revista Época: Qual a importância do empreeendedorismo para a sociedade?
Ronald: No mundo todo, a máquina que faz girar a economia são novos negócios. Os EUA
cresceram através de seus empreendedores. A revolução industrial foi feita por empreendedores. É
do empreendedorismo que surge a geração de riqueza, de novos produtos, de novas ideias. Quando
dava aulas na FGV, começava o curso dizendo que a desigualdade social fazia do Brasil um país
insustentável. Perguntava aos alunos se eles gostariam de ficar milionários. E dizia: pois fiquem, é
importante, porque se vocês ficarem milionários vão gerar empregos, riqueza e ajudar a desenvolver
o país.
Revista Época: Existe uma idade ideal para começar a empreender?
Ronald: As coisas que mais afetam a decisão de se lançar como empreendedor são as obrigações
financeiras e as obrigações familiares. Quando você sai da universidade, arranja um emprego,
casa e tem filhos, você vira escravo do salário. E aí você largar tudo para montar um negócio
incerto, tendo que pagar a escola dos filhos .... acabou. Por isso que eu digo que existe uma janela
de oportunidade na universidade. Não é à toa que é de lá que saem grandes ideias. A Apple e o
Facebook, por exemplo, surgiram no ambiente da faculdade.
Revista Época:Existe alguma cultura que se destaque mais por formar empreendedores?
Ronald: Infelizmente, a cultura anglo-saxã neste ponto é mais favorável do que a latino-americana.
Você já deve ter visto filmes americanos onde as crianças preparam limonada para vender,
aprendem a cortar a grama do vizinho para ganhar dinheiro e distribuem jornal. E isso é muito
comum lá, mas não é aqui. E sabe por quê? Aí vem o problema da diferença social. Trabalho
manual no Brasil é considerado para pobre. Se você distribuir jornal aqui, você vai ganhar muito
pouco. Não vale a pena para você ‘sujar suas mãos’. E o que seus amigos iriam falar de você se eles
te vissem distribuindo jornal ou se você decidisse trabalhar como sacoleiro? Essa diferença social
faz com que a sociedade brasileira não queira ‘sujar as mãos’. E, infelizmente, para montar um
negócio é preciso sujar as mãos.
Revista Época:E qual você diria que é o ponto forte dos brasileiros?
Ronald: Os brasileiros são bons chutadores. O que eu quero dizer com isso é que uma certa
irresponsabilidade é bom. Os brasileiros arriscam mais. Se você pegar um operário brasileiro,
ele está muito mais disposto a assumir riscos. Ele diz vamos tentar. Os alemães, por exemplo, se
não conhecem determinados negócios, dizem não conheço, não sei. O brasileiro vai tentar dar um
jeitinho. E esse jeitinho muitas vez dá certo.
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