O Professor Luis Cabrera da FGV-EAESP dá a sua opinião sobre a formação ideal do novo profissional, que precisa ser culto.
Os responsáveis pelas áreas de seleção das principais empresas do Brasil são unânimes em apontar uma falha grave na formação dos profissionais brasileiros: a falta de cultura. A crítica vale tanto para jovens trainees quanto para executivos que já ocupam cargos de liderança. Falta conhecimento em história, geografia, pintura, música e literatura. Esse defeito pode definir sua próxima contratação ou promoção: as empresas precisam de pessoas cultas, pois é o nível cultural que melhora a capacidade de realizar diagnósticos, de entender rapidamente contextos complexos e de fazer julgamentos.
Não é à toa que as escolas de administração européias (que nos últimos anos lideram os rankings internacionais) oferecem cada vez mais cursos que discutem pintura, prosa e poesia, neurologia, filosofia, antropologia e história. A origem do problema está nos cursos de graduação, que despendem muito tempo ensinando técnicas e práticas de gestão, modelos de análise e decisão e novas técnicas de marketing, de finanças e esquecem a parte cultural, como se fosse algo menos importante. Os executivos mais experientes já sentiram o drama e correram para sanar o desvio de formação. É o que explica o sucesso da Casa do Saber, que oferece no Rio de Janeiro e em São Paulo uma extensa lista de cursos de humanidades, da psicanálise à geopolítica, com alta frequência de homens de negócios.
Atualmente estamos tentando decifrar uma das mais complexas crises econômicas dos últimos 50 anos e para isso é muito importante conhecer outros pontos de vista. E estes só vão aparecer se os profissionais tiverem um olhar mais amplo. Acontece que o desenvolvimento cultural é um projeto individual, você precisa estabelecer seu plano e algumas metas. Leia um livro e assista à um filme por quinzena, vá à um concerto por mês, faça uma visita a um museu a cada dois meses, faça um curso sobre filosofia a cada três meses. Cultura é um grande diferencial competitivo. Ou você pensa que só falar inglês vai fazer a diferença?
Fonte: Revista Você S.A., texto do Professor da FGV-EAESP Luiz Carlos Cabrera
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