terça-feira, 12 de junho de 2012

Carreira internacional, vale a pena?

Carreira internacional, vale a pena?

Cada vez mais se ouve falar que a experiência internacional é necessária para a carreira profissional. Tanto para estudar como para trabalhar. Conhecer outras culturas, aprender (de fato) outras línguas, saber viver de outras maneiras, favorece o desenvolvimento de habilidades valorizadas no mundo dos negócios. As organizações também estão, cada vez mais, internacionalizando-se e precisam de pessoas que saibam transitar em outros contextos e gostem disso; que tenham facilidade de absorver os rituais, os hábitos, as formalidades, enfim, o que é dito e, muitas vezes mais importante, o que não é dito.

Nesse sentido, a carreira internacional, por meio de expatriações, tem sido o objetivo de muitos executivos. No entanto, fascinados pela perspectiva de morar fora, além de honrados por terem sido os “escolhidos”, poucos são os que questionam se, de fato, esse movimento é vantajoso para a sua carreira.
Houve um tempo em que, para muitos, ser expatriado significava ganhar muito dinheiro. Em geral, as empresas pagavam salários muito superiores, além dos benefícios, que podiam incluir moradia, escola para filhos, viagens ao país de origem, entre outros. Significava também realizar o sonho de muitos, considerando que as viagens ao exterior eram bem menos frequentes do que atualmente. E, muitas vezes, significava uma promoção no retorno.

Na prática, hoje a situação é bem diferente. Apesar de as organizações precisarem muito de pessoas qualificadas e dispostas a ir para lugares cada vez mais longínquos, os salários e benefícios dos expatriados já não são tão altos, e no retorno não há garantia de posição disponível, tampouco de uma promoção. Para quem regressa, fica a sensação de que foi “esquecido” pelos colegas de trabalho durante o tempo em que ficou fora, de que ninguém se interessa por suas histórias e experiências e de que pode ter dado um passo atrás na carreira. Mas será que isso é verdadeiro?

Não necessariamente. Algumas pesquisas indicam que as experiências internacionais adquiridas são valorizadas pelas organizações e, mesmo que o expatriado não tenha uma posição ou uma promoção na empresa onde trabalha, estará em condição muito favorável para negociar com outras empresas. Não se deve esquecer de que o aprendizado adquirido não será utilizado apenas a favor de uma empresa, mas sim para o desenvolvimento da própria carreira. Se a empresa não souber ou não puder utilizar as habilidades adquiridas pelo executivo no retorno, será ela a perdedora.

Encerro com um alerta: a carreira internacional não é para qualquer um. A decisão de ser expatriado deve ser muito pensada, pois morar em lugares distantes, diferentes, às vezes sem a família, pode ser um preço muito alto a se pagar pela carreira.

Por: Beatriz Maria Braga
FGV-EAESP
beatriz.braga@fgv.br

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