Liliana Aufiero, 66, levanta cedo e entra na fábrica, sai para o intervalo de almoço às 13h00 e volta as 15h00. Ela fica na fábrica até o anoitecer, e depois retorna para casa. Pós-graduada em Administração na FGV-EAESP, ela é a herdeira neta e comandante da marca Lupo - uma referência por seu excelente trabalho e por ser a única e primeira mulher a frente da empresa familiar antes liderada apenas por homens.
Liliana, assumira o comando da marca em meio a sua época mais turbulenta de crises. Assim, em meados dos anos 90, a herdeira assumiu o risco mudando o destino da Lupo que estava a ponto de ser vendida. Logo que assumiu, a então nova executiva pediu apenas um ano para conseguir um preço melhor para a venda da empresa, o que na verdade era apenas um artifício para “ganhar tempo” e colocar de vez a Lupo em ordem. “Queria ganhar tempo... e só posso dizer que ainda não me cobraram aquele ano” - comenta a Presidente.
O professor e consultor do GVpec (Programa de Educação Continuada da FGV-EAESP), Paulo Zanni, destaca essa história em seu livro “De Herdeiro para Herdeiro” como um exemplo de sucessão bem feito. “A Lupo conseguiu passar por um dos momentos mais críticos de uma empresa familiar: a chegada da terceira geração. É quando surgem os piores conflitos de interesses. E a Liliana comandou a reestruturação”. Toda a diversificação hoje, aplicada pela Lupo, e todo este seu crescimento também são méritos de Liliana. Antes era uma empresa familiar de meias sem muita expectativa, a beira da venda, e hoje a Lupo detém mais de 14 mil itens, investe em campanhas publicitárias, possui lojas próprias e conta com 5 mil funcionários em uma fábrica de 50 mil metros quadrados - a qual em breve serão 70 mil. “Ela colocou ordem na casa, literalmente. Um dos marcos importantes foi a profissionalização: distinguir o que é família, propriedade, empresa”. Conclui Zanni.
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